No próximo dia 23, o professor Thiago Marques Mandarino, do curso de Ciências Econômicas do Campus do Mucuri da UFVJM, lançará o livro A vida através da morte: formação do mercado de trabalho livre e o destino dos negros - Rio Claro (1875-1930). O evento contará com a presença do também professor do curso de Ciências Econômicas da UFVJM Carlos Henrique Lopes Rodrigues, que promoverá um debate com o autor sobre a obra. Aberto para toda comunidade acadêmica, o evento será às 19h, no Auditório Central do campus (prédio amarelo).

A obra

Mais do que revelar as perspectivas e as oportunidades que se colocavam aos negros de Rio Claro (SP), a obra mostra as conexões existentes entre a escravidão e o desenvolvimento do capitalismo brasileiro. Segundo Mandarino, traços do passado colonial e escravocrata do Brasil, como a profunda desigualdade interna, a dependência externa e as desigualdades raciais, não só persistem na atualidade, como se tornam funcionais à expansão do capitalismo brasileiro, contribuindo para a sua particularidade. “Embora algumas melhorias pontuais possam ser identificadas ao longo da história, a cor e a raça permanecem até hoje como determinantes das condições de vida da população no nosso país”, destaca o autor.

De acordo com Maria Lúcia Lamounier, professora da FEA-USP que assina o prefácio da obra, as dificuldades que os pesquisadores encontram para rastrear o destino dos ex-escravos depois da abolição são enormes, uma vez que após a Lei do Ventre Livre, em 1871, na maioria das fontes de pesquisa não aparece mais a distinção entre escravo/não escravo ou escravo/liberto. Para driblar esse obstáculo, Lamounier lembra que Mandarino utilizou como importante fonte um conjunto de 2.101 atestados de óbito, classificados como de “pretos” e guardados no acervo do Arquivo Municipal de Rio Claro, de 1875 a 1930.

O autor

Graduado em Ciências Econômicas pela UNESP, com mestrado em Ciências Econômicas pela mesma instituição, Mandarino apresenta no livro o resultado de um trabalho realizado ao longo de três anos. A fim de percorrer o destino dos ex-escravos do município de Rio Claro (SP) e entender como se realizou o ingresso dessa população no mundo livre, o autor busca contribuir para os estudos de escravidão no Brasil.