UFVJM desenvolve pesquisa sobre banco de alimentos para Ministério da Cidadania
O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) está realizando pesquisa sobre a situação dos bancos de alimentos no Brasil. A pesquisa tem um carácter avaliativo da implantação e funcionamento dessas estruturas públicas e privadas, denominadas bancos de alimentos, frente as diretrizes da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, hoje a cargo do Ministério da Cidadania. A pesquisa está sendo financiada pelo Ministério da Cidadania, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc) e com o Fundo Mundial para a Natureza no Brasil (WWF Brasil).
De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Romero Alves Teixeira, essa pesquisa é pioneira no país. “Uma parcela considerável dos alimentos produzidos no mundo e no Brasil são descartados ou se perdem na cadeia entre a produção e a mesa do brasileiro. Estima-se que de 30% a 50% dos alimentos (dependendo dos tipos) são desperdiçados no lixo, gerando um enorme impacto social e ambiental. O banco de alimentos é uma estrutura que recebe esses alimentos (perto de vencer ou com características recusadas pelo consumidor), mas em plena condição sanitária para o consumo, e destina-os gratuitamente às instituições socioassistenciais para serem prontamente consumidos”, destaca.
O professor também destaca que a UFVJM já tem trabalhado em pesquisas sobre bancos de alimentos. “O Ministério da Cidadania acolheu a proposta, tendo em vista que já havíamos realizado uma pesquisa anterior com os bancos de alimentos de Minas Gerais, a qual coordenei e que foi o objeto de dissertação do mestrado do Programa Saúde, Sociedade e Meio Ambiente, de uma aluna que hoje é pesquisadora colaboradora do Nupens”.
Em divulgação sobre a pesquisa realizada no site do Ministério da Cidadania, a pasta ressalta que a pesquisa servirá para “fortalecer a Rede Brasileira de Bancos de Alimentos – que hoje é composta por 239 unidades em todo o país, das quais 107 são coordenadas por governos estaduais e municipais”. E traz ainda: “De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados em todo o mundo. Os bancos de alimentos atuam no recebimento de doações de produtos considerados fora dos padrões para a comercialização, mas adequados para o consumo. Os alimentos são repassados a instituições como creches, escolas, asilos e hospitais”.
A pesquisa
Em 2018, iniciou-se a etapa de construção dos instrumentos de pesquisa, questionários eletrônicos, e em seguida, foi feita a validação desses instrumentos. Em novembro do ano passado foram iniciados os contatos com os gestores dos bancos de alimentos e foram enviados os questionários. Segundo o coordenador da pesquisa, a etapa de coleta de dados, com pesquisa on-line, foi encerrada no último mês de março e teve adesão de 97% dos bancos de alimentos de todo o país.
“Nesse momento, as informações prestadas pelos gestores dos bancos de alimentos estão sendo processadas, para crítica e análise estatística. Quando os dados tiverem sido analisados, será sorteada uma amostra de bancos de alimentos para visita in loco dos pesquisadores envolvidos, com novo processo de levantamento de dados, dessa vez presencialmente e complementar aos dados até então obtidos”, explica Romero.
Bancos de Alimentos
Segundo o coordenador da pesquisa, é importante destacar que os bancos de alimentos cumprem um papel muito importante da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN). Além do fato de combater o desperdício de alimentos, os bancos também significam, de acordo com o professor:
1: “Assistência Alimentar a instituições que não têm as garantias governamentais para assegurar alimentação e nutrição adequada aos seus beneficiários (asilos, abrigos, escolas, e outras instituições). Alimentos doados são avaliados, triados e processados em plantas de processamento sob responsabilidade técnica de nutricionistas, assegurando, assim, assistência alimentar com qualidade sanitária e nutricional aos beneficiários dessas instituições”.
2: Incentivo à agricultura familiar, visto que “um grande número de bancos operam com parceiros privados (supermercados, atacadistas, Ceasas, indústria de alimentos e restaurantes entre outros), mas, uma parcela expressiva, principalmente os públicos, que são a maioria, operam com o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA). Nesse programa, com recursos do Ministério da Cidadania (ex-MDS), a Companhia Brasileira de Abastecimento (CONAB) financia em nível municipal a aquisição da produção excedente do consumo de agricultores familiares, e doa diretamente aos bancos de alimentos, que os repassam gratuitamente às instituições socioassistenciais cadastradas em cada banco. Esse programa PAA promove, assim, uma inclusão do agricultor familiar no mercado de compras institucionais governamentais, promovem a inclusão do agricultor familiar na cadeia produtiva que historicamente tem expulsado esses pequenos produtores do mercado formal”.
Instituições envolvidas:
Ministério da Cidadania - Financiador
Serviço Social do Comércio (Sesc) - Financiador copartícipe
Nupens/UFVJM - Proponente e executor da pesquisa
Instituto Renê Rachou - Ficoruz Minas - Instituição copartícipe
Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) - Gestão financeira dos recursos do projeto
Pesquisadores:
Professor Romero Alves Teixeira - Nupens/Departamento de Nutrição - Denut/FCBS/UFVJM
Pesquisadora Natália Tenuta Kuchenbecker do Amaral - Nupens/Departamento de Nutrição-Denut/FCBS/UFVJM (doutoranda Fiocruz)
Professora Angelina do Carmo Lessa - Nupens/Departamento de Nutrição-Denut/FCBS/UFVJM
Pesquisadora Mariana de Souza Macedo - Nupens/Departamento de Nutrição-Denut/FCBS/UFVJM (pós-doutoranda UFV)
Alunos do curso de Nutrição
Fonte utilizada: site do Ministério da Cidadania (acesso dia 9 de abril de 2019)